Ananda Miranda

13/05/2020

Ananda Miranda

Ananda Miranda foi a primeira mulher a se formar em alaúde no renomado Conservatório de Tatuí. Além de entrar para a história com o instrumento, a ex-aluna do Projeto Guri – maior programa sociocultural brasileiro, mantido pela Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Governo do Estado de São Paulo – reúne vivência em intercâmbio cultural no Malawi e participação no Ethno Estônia, entre outros festivais.  Atualmente, a jovem se prepara para mais uma jornada, agora em Portugal, onde irá estudar na ESMAE, núcleo de música da Politécnica do Porto, que oferece um dos poucos cursos de nível superior no mundo voltado, exclusivamente, para as dedilhadas antigas.

“Pretendo me aprofundar como solista no alaúde e mandolino, mas também quero me aperfeiçoar no baixo contínuo (acompanhamento harmônico) para atuar em orquestras e grupos do tipo, como estava fazendo aqui no Brasil, que é, pra mim, uma das maiores alegrias do fazer musical: tocar com muitas pessoas e vários timbres”, conta a jovem Ananda.

Nascida em Presidente Prudente, no interior de São Paulo, em 1993, Ananda ganhou um violão aos oito anos de idade. É verdade que o instrumento passou um tempo no armário e recebeu um novo significado apenas quando ela participou da masterclass do violonista, compositor e musicólogo Turíbio Santos. “Ele pegou o meu violão, deu uma afinada e tocou um trecho do concerto Aranjuez, de Joaquín Rodrigo. A partir dali,  aquele violão se tornou sagrado para mim”, recorda-se.

Pouco tempo depois, morando em Cuiabá, no Mato Grosso, ela passou a frequentar concertos, se encantou pela música erudita e entrou em um conservatório. Este foi o seu primeiro passo mais sério no meio musical. Ao longo da vida, Ananda precisou mudar algumas vezes de cidade. Aos 15 anos, foi morar em Santos, no litoral paulista. Foi ali que se deu o primeiro contato dela com o Projeto Guri. Na época, não havia vaga para violão e ela acabou se inscrevendo em flauta transversal, mas, a convite da professora, pode participar dos ensaios da camerata de violões.

Quando foi morar em Araçatuba, passou a ter aulas de viola de arco. Ao ter sido selecionada para o Grupo de Referência deste polo, se tornou bolsista assistente, algo que foi fundamental para auxiliá-la no custo das viagens entre Araçatuba e Tatuí. Nessa época, Ananda frequentava também o Conservatório de Tatuí. Logo, Tatuí viria ser a cidade de residência da musicista, onde aprofundaria seus estudos.

Acabou se formando em violão erudito e cordas dedilhadas históricas pelo conservatório de Tatuí, além de ter cursado produção fonográfica pela FATEC Tatuí. Ananda foi a primeira mulher a se formar em alaúde no local. “Calhei de ser a primeira, mas que seja a primeira de muitas. É importante também lembrar que boa parte dos meus professores na música antiga foram mulheres. Sabemos que a mulher carrega ainda um estigma de ter que se provar, e isso retarda muitas coisas… Fora o ‘pequeno’ detalhe do constrangimento e desconforto da situação. Mas aprendi com elas – as professoras – formas de lidar com isso”, afirma.

Em 2016 passou no processo seletivo para intercâmbio no Malawi, por meio do MOVE (Musicians and Organizers Volunteer Exchange, programa custeado pelas Forças de Paz da Noruega). Durante a estadia no local, em que define como “um país de contrastes, assim como Brasil”, a jovem dava aulas, tocava, gravava e participava de festivais. Duas vezes por semana, o grupo também ensinava na prisão juvenil da cidade. “Como musicista erudita, na viagem aprendi a desapegar do que eu imaginava necessário como padrão único de qualidade numa performance”, avalia. “Entendi que com muito pouco se pode fazer muito. Tive aulas de improviso e sempre penei, porque eu era muito quadrada. Quando comecei a perceber que a música é um fenômeno de momento e que o que importa é estar ali (submerso e navegar conforme a situação, sem se preocupar com o que você acha que deveria ser), as coisas fluem”, conclui sobre os aprendizados no exterior.

A vivência no Malawi agregou lembranças que vão da participação em dois videoclipes a ter sido estrela de um filme caseiro, passando por um pedido não oficial de casamento (inclusive, ela ganhou uma galinha de presente por isso, que ganhou o nome de Tobi). Memórias como o primeiro show solo e a primeira vez que cantou profissionalmente foram marcantes para que ela definisse aquele período de seis meses, em 2016, como ‘a maior experiência que gerou sementes musicais em sua vida’.

Atualmente, aos 26 anos, Ananda tem um duo de alaúde, o Willow Duo; e acaba de criar com um amigo outro duo de música étnica. Para a licenciatura em Porto/Portugal, a alaudista e violonista segue com  vaquinha virtual : https://abacashi.com/p/licenciaturanoporto .

Do Guri para o Mundo

A série Do Guri para o Mundo foi criada para retratar o caminho trilhando pelos Guris: quem são, onde estão e o que mudou na vida deles. São histórias inspiradoras que celebram os 25 anos do Projeto Guri e prestam homenagem aos mais de 810 mil ex-alunos beneficiados pelo programa e, consequentemente, pelo poder de transformação da música. A cada semana, a série destaca um personagem nas redes sociais do Projeto Guri e na Sustenidos – organização que administra o programa: http://www.projetoguri.org.br/noticias/do-guri-para-o-mundo/

Patrocinadores do Projeto Guri – Sustenidos: CTG Brasil; CCR AutoBAn; Instituto CCR; VISA; Bayer; WestRock; Microsoft; Supermercados Tauste; banco BV; Novelis; Arteris; EMS; Capuani do Brasil; Faber-Castell; Pinheiro Neto; Santander; VALGROUP; Raízen; BTP; Distribuidora Ikeda; Grupo Maringá; Instituto 3M; Supermercados Rondon; Frigol; Mercedes-Benz; Castelo Alimentos; ENEL; GRUPO GR; Cipatex; Grupo Herval, Pirelli.

Patrocinadores Sustenidos: CTG Brasil; Visa; SulAmérica e Microsoft.

Sobre o Projeto Guri

Mantido pela Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Governo do Estado de São Paulo, o Projeto Guri é o maior programa sociocultural brasileiro e oferece, nos períodos de contraturno escolar, cursos de iniciação musical, luteria, canto coral, tecnologia em música, instrumentos de cordas dedilhadas, cordas friccionadas, sopros, teclados e percussão, para crianças e adolescentes entre 6 e 18 anos (até 21 anos nos Grupos de Referência e na Fundação CASA). Cerca de 50 mil alunos são atendidos por ano, em quase 400 polos de ensino, distribuídos por todo o estado de São Paulo. Os mais de 330 polos localizados no interior e litoral, incluindo os polos da Fundação CASA, são administrados pela Sustenidos, enquanto o controle dos polos da capital paulista e Grande São Paulo fica por conta de outra organização social. A gestão compartilhada do Projeto Guri atende a uma resolução da Secretaria que regulamenta parcerias entre o governo e pessoas jurídicas de direito privado para ações na área cultural. Desde seu início, em 1995, o Projeto já atendeu mais de 810 mil jovens na Grande São Paulo, interior e litoral.

Sobre a Sustenidos: Eleita a Melhor ONG de Cultura de 2018, a Sustenidos é a organização gestora do Festival Ethno Brazil, Som Na Estrada, Festival Imagine Brazil, MOVE (Musicians and Organizers Volunteer Exchange) e Projeto Guri. Desde 2004, é responsável pela gestão do programa de ensino musical no litoral e no interior do estado de São Paulo, incluindo os polos da Fundação CASA. Além do Governo de São Paulo, a Sustenidos conta com o apoio de prefeituras, organizações sociais, empresas e pessoas físicas. Instituições interessadas em investir na Sustenidos, contribuindo para o desenvolvimento integral de crianças e adolescentes, têm incentivo fiscal da Lei Rouanet e do Fundo Municipal da Criança e do Adolescente (FUMCAD). Pessoas físicas também podem ajudar. Saiba como contribuir: http://www.sustenidos.org.br/pessoa-fisica/

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